3 Diagnósticos errados! Experiência pessoal!
Esta é minha história pessoal com diagnósticos errados e como hoje isso me ensinou muitas coisas que me ajudaram a virar um paciente melhor e pessoa muito mais saudável.
A lesão que originou a odisseia
Praticava Parkour, um esporte radical de alto impacto e alta intensidade, onde há muitos movimentos bruscos e muita explosão muscular. Após um ano bem sucedido e disciplinado de prática do esporte, praticando de segunda a segunda e folgando aos sábados, tive minha primeira lesão. Lógico, tive muitas pequenas quedas, arranhões, contusões, mas nada que me prejudicasse tanto quanto esse primeiro machucado mais sério.
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Ao fazer um movimento, deixei minha coluna dobrar demais para trás. Houve, provavelmente, um pinçamento das minhas vértebras, forçando os discos gelatinosos. Doeu muito e fiquei uma semana sem conseguir andar muito bem. Quando tentei pular, senti toda minha espinha doendo. Era o começo de uma novela que duraria quase 10 anos.
O primeiro diagnóstico
No atendimento de emergência do hospital, atendido por um ortopedista, ele apenas pediu um raio x da minha coluna. Eu tinha dores no ombro, centro das costas, lombar e perna direita. Fui indicado a algumas sessões de fisioterapia e a tomar um anti-inflamatório. Nesse meio tempo, minhas dores aumentaram porque tive toxoplasmose. Chegava a chora de dor, principalmente no meio das costas.
Fiquei sedentário, tive estafa por trabalhar demais. Tentei fazer hidroginástica, mas chorava de dor e tive que parar. Convencido por minha mãe, comecei a fazer Pilates, que continuei a fazer quando me mudei para Belo Horizonte, onde morei por três anos. Lá, tive crises de dor, tendo algumas sido causadas pelos exercícios que as instrutoras de Pilates recomendaram para eu fazer. Mal eu sabia que eu estava piorando o problema com os exercícios errados.
O segundo diagnóstico
Voltei para Juiz de Fora, novamente passando por uma estafa pesada, tendo que iniciar um tratamento com psiquiatra e psicóloga. Voltei também a fazer Pilates com uma boa profissional, que recomendou que fosse a um ortopedista e fizesse uma tomografia. Ela recomendou que fosse para um neurologista com o qual muitos das pessoas atendidas por ela já tinham tido uma boa experiência, mas não consegui marcar horário com ele e optei por outro profissional. Afinal, estava em uma crise de dor causada por minha tentativa em fazer exercícios de alta intensidade em casa.
Com a tomografia em mãos, tive o diagnóstico de duas protrusões discais (quando o disco entre as vértebras começa a sair do lugar), e a indicação para continuar com o Pilates. Estava proibido de fazer qualquer esporte de impacto, inclusive o Parkour. Fui também indicado ao RPG, mas nada muito incisivo por parte do médico. Recomendou também que eu tomasse os anti-inflamatórios quando tivesse crises de dor.
O terceiro diagnóstico
Carregando peso demais e de forma errada, depois de ter parado alguns meses com o Pilates, tive uma nova crise de dor, que dificultava até a andar. Foi indicado a fazer acupuntura e osteopatia. Perguntei aos profissionais responsáveis, um médico acupunturista e um osteopata se era possível que minha protrusão tinha evoluído para uma hérnia e ambos afirmaram que não. Fiquei mais calmo, mas o tratamento feito por eles não teve um resultado muito bom, pois continuei com dores, mesmo que mais leves, mas pelo processo de cura normal.
Continuei com o Pilates, agora ciente de que se eu parar com este tipo de exercício, teria sérios problemas de dores.
O quarto diagnóstico
Chateado com as dores e com o sedentarismo por não poder malhar nem fazer exercícios aeróbicos, marquei com o neurologista indicado pela minha fisioterapeuta do Pilates. Na análise da minha tomografia, que já tinha um ano de feita, a primeira coisa que ele disse foi que eu tinha uma hérnia, apenas observando a imagem. Questionei sobre a “protrusão discal” e ele me afirmou que era apenas uma questão de terminologia. Ele explicou que muitas pessoas tem hérnias e vivem sem dores e outras tem simples protrusões e morrem de dor, mas que meu caso era uma hérnia. Pediu uma nova tomografia, que ainda não pude fazer por ser muito cara. Mas recomendou que eu fizesse o RPG e parasse com todas as atividades, incluindo o Pilates.
O resultado (até agora)
Fiz 10 sessões de RPG e não parei com o Pilates. Durante esse tempo, ainda entrei em uma academia. Foquei minha musculação e exercícios em fortalecer a coluna e abdome, pois estes ajudam a “suportar” as vértebras e pressionar os discos para o lugar correto, impedindo pinçamentos no nervo que causavam dores que estendem por toda a minha perna direita, principalmente.
Sempre pergunto à minha fisioterapeuta e ao profissional do RPG sobre quais exercícios e posições eu posso fazer enquanto malho ou pratico esportes. Recebi até a notícia do fisioterapeuta que fez minhas sessões de RPG que poderei voltar ao Parkour, mas pretendo perder mais peso antes de fazê-lo. Em 2015, no primeiro semestre, farei a tomografia para ver como está evoluindo minha hérnia de disco.
Não tenho mais crises de dor, apesar de sentir a coluna incomodando às vezes. Quando sinto dores, já consigo entender quando é ocasionada pela hérnia e quando é por tensão muscular, causada principalmente por estresse. Algumas sessões de alongamentos, ultrassom e “choques” no Pilates resolvem o problema. Faço dieta e quando vou fazer ficha na academia, deixo claro minhas limitações e os movimentos que não posso realizar, com muito apoio dos profissionais de educação física que me orientam, inclusive indicando a importância da dieta, à qual estou voltando a regular nos últimos meses, marcando também sessões com nutricionistas.
O que aprender com essa experiência?
Além de sempre perguntar para os profissionais de saúde sobre todas as minhas dúvidas, pesquiso muito sobre o assunto e soluções para o meu problema. Não confio mais 100% nos profissionais que me acompanham, mas não tiro a importância deles no meu processo de recuperação. Cometi erros também no percurso, como fazer exercícios de alta intensidade sem antes de ter feito um trabalho gradual para recuperar resistência e força muscular.
Esse aprendizado par anão confiar 100% no diagnóstico dos profissionais de saúde, me ajudou a diagnosticar outros problemas na minha vida. Descobri que um desvio de septo no meu nariz me causada constantes crises de sinusite. Operei e melhorei muito, mas continuo tendo problemas, pois pelo visto tenho sinusite crônica (preciso ir ao meu otorrino para começar um tratamento). A frequência de crises é menor, sem dores de cabeça, mas com muito cansaço.
Descobri também que tenho TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), apesar da parte da hiperatividade ser meu maior problema. Nada disso sozinho, sempre confiando (parcialmente) nos profissionais de saúde que me acompanham e pesquisando, acompanhando meus sintomas. Não significa que sou meu médico, que me medico, mas aprendi a ajudar meus profissionais de saúde a cometerem menos erros.
Considerações Finais
Profissionais de saúde são seres humanos, e podem errar. Você deve sempre pesquisar seus sintomas, seus problemas de saúde e fazer um acompanhamento constante para ajudá-los a errar menos. Você é o melhor conhecedor de seu próprio corpo, mas nunca deverá ser seu próprio médico. É um limiar bem sutil entre esses dois, mas com responsabilidade e muita consciência, é possível ter uma saúde melhor.
Como você ajuda seu médico a te ajudar?
Sobre o autor
André fez parte de uma das primeiras equipes de Parkour no Brasil. Desde então, atuou junto de educadores físicos, nutricionistas, fisioterapeutas e profissionais da saúde para aperfeiçoar seus conhecimentos. Desde 2012, escreve dicas de saúde e exercícios físicos que aprendeu e continua aprendendo. Em 2019 tornou-se instrutor de Muay Thai e Kickboxing, compartilhando com seus alunos para ensinar tudo que aprendeu.
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